Era uma vez uma casa, no fim da rua Lilás. Era uma casa simples e por mais que fosse inabitada estava sempre limpa, conservada e exalando um aroma refrescante.
Havia uma lenda, que dizia que lá dentro um dia houvera uma família feliz composta pelo pai, a mãe e duas lindas menininhas. O homem era forte e protegia sua família acima de qualquer coisa, já a mulher apesar de ter forte caráter era frágil por dentro e qualquer coisa era capaz de fazer sua estrutura frágil vir a baixo. Eles iam bem até o homem ser convocado para defender seu país.
Na noite em que partiria, ele abraçou suas filhas e prometeu voltar para construir a casa da árvore que tanto prometia. Beijou sua mulher que estava aos prantos, segurou-lhe a mão e lhe prometeu lindos brincos de pérola quando voltasse. Com essa despedida ele se foi confiante.
O tempo passou o outono se foi e o inverno chegou. A mulher ainda se levantava todos os dias de manhã para fazer o café, arrumar a cama e divertir suas filhas mas algo dentro dela havia mudado ou melhor por dizer que algo dentro dela havia morrido. Apenas o que a motivava era ver suas filhas lindas e saudáveis e felizes como sempre.
No fim do inverno chegou uma carta comunicando que o homem havia falecido em trabalho. A primeira sensação que atingiu bem fundo o peito da mulher foi o vazio e logo em seguida veio a falta de ar por fim o desespero. Diferente do que todos previam ela não chorou de imediato, apenas pegou suas filhas e as levou para dentro dizendo estar na hora do lanche.
Dias e dias se passaram e a mulher iniciou uma nova rotina, ela acordava e vestia as roupas do seu marido, ia ao banheiro e cheirava sua loção de barbear e depois disso voltava para cama onde ficava horas e horas apaixonada por sua própria loucura. A casa foi ficando abandonada, as crianças sem amparo. Até um dia lhe tomarem as filhas, alegando sua falta de equilíbrio mental. Aquele foi o último golpe que ela levou antes de sua frágil estrutura se partir em milhões de caquinhos.
A mulher faleceu um ano depois, sozinha e louca.
"Senhora encantada, que espera no muro a vida é curta e a espera é longa"
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